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16 de Abril de 2024

Agora é para valer: lei garante meia-entrada

Publicado por Erica Avallone
há 8 anos

Entra em vigor em 01/12/2015 o Decreto nº 8.537 de 5 de outubro de 2015 que regulamenta a nova lei da meia-entrada (Lei nº 12.933/2013) e o Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852/2013), garantem que 40% dos ingressos de um evento sejam destinados à meia-entrada.

A principal mudança para a população é a obrigação do desconto concedido a 40% dos ingressos disponíveis. A partir disso, responsáveis pelos eventos culturais, esportivos e educativos podem interromper a venda das meias-entradas.

Para os beneficiários, a lei impede fixar o preço da meia-entrada acima de 50% do valor original do ingresso. “Trata-se da afirmação de um direito fundamental da classe estudantil brasileira que, pela primeira vez, é definido por regras claras e comuns no país”, defende a União Brasileira dos Estudantes, em nota. Outra conquista é a exigência de meia-entrada para todos os setores, inclusive frontstage, desde que comprados individualmente. Áreas com outros serviços vinculados (como open bar), mesas e camarotes não se enquadram.

Agora para valer lei garante meia-entrada

O QUE DIZ A LEI?

A partir de agora, a identificação do estudante precisa seguir um padrão nacional definido pelas entidades nacionais UNE, UBES e ANPG, regido por estritas medidas de segurança e fiscalização para evitar falsificações e irregularidades no uso desse direito. O documento que deverá ser apresentado nas entradas dos eventos, é a Carteira de Identificação Estudantil – CIE emitida pelos órgãos oficiais descritos no Decreto 8.537. Como adquirir a Carteira de Identificação Estudantil?Saiba Mais.

Idosos com idade superior a 60 (sessenta) anos têm direito a meia-entrada. Para comprovação, basta apresentar o documento de identidade;

Cinemas, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e circenses e eventos educativos, esportivos e de entretenimento se enquadram;

Pessoas com necessidades especiais e um acompanhante, tem direito a meia-entrada. O documento exigido no local de realização do evento para pessoas com necessidades especiais, será: a) O cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da pessoa com deficiência; ou b) Documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS que ateste a aposentadoria de acordo com os critérios estabelecidos na Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013. O documento do beneficiado, sempre deverá ser acompanhado do documento de identificação com foto expedido por órgão público e válido em todo o território nacional. Acompanhante: também tem direito ao benefício da meia-entrada (somente um acompanhante por pessoa com necessidade especial). Saiba Mais

O número total de ingressos e a quantidade disponível aos beneficiários da meia-entrada devem estar visíveis em todos os pontos de venda, físicos ou online;

Caso a lei não seja cumprida, os usuários podem exigir pagar meia-entrada. Reclamações junto ao Procon (0800-282-1512)

Também terão direito a meia-entrada, jovens com com idade entre 15 e 29 anos que pertencem àfamílias com renda mensal de até dois salários mínimos, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico. O documento que dá diretio ao benefício pelo jovem de baixa, é a carteira de Identidade Jovem e será emitida pela Secretaria Nacional de Juventude a partir de 31 de março de 2016. No local de realização do evento, deverá ser apresentada juntamente com documento de identidade oficial com foto expedido por órgão público e válido em todo o território nacional.

A meia-entrada está prevista em lei?

Depende de cada estado! Apesar da Constituição Federal (88), em seu artigo 215, defender que é dever do Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional, a regulamentação do direito à meia-entrada fica a critério da Constituição de cada estado.

Existe um marco legislativo de âmbito federal que aborda o direito da meia-entrada, mas não de forma obrigatória. Trata-se da Medida Provisória nº 2.208, de 17 de agosto de 2001.

Art. 1o A qualificação da situação jurídica de estudante, para efeito de obtenção de eventuais descontos concedidos sobre o valor efetivamente cobrado para o ingresso em estabelecimentos de diversão e eventos culturais, esportivos e de lazer, será feita pela exibição de documento de identificação estudantil expedido pelos correspondentes estabelecimentos de ensino ou pela associação ou agremiação estudantil a que pertença, inclusive pelos que já sejam utilizados, vedada a exclusividade de qualquer deles.

Art. 2o A qualificação da situação de menoridade não superior a dezoito anos, para efeito da obtenção de eventuais descontos sobre o valor efetivamente cobrado para o ingresso em estabelecimentos de diversão e eventos culturais, esportivos e de lazer, será feita pela exibição de documento de identidade expedido pelo órgão público competente.

Esta Medida Provisória desobriga a apresentação de carteirinha emitida pela UNE (União Nacional dos Estudantes) ou UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) para obtenção do desconto de 50% e ainda estabelece que menores de idade necessitam apenas da apresentação de documento de identidade expedido pelo órgão público competente.

Com tantas variações, devo recorrer à qual legislação para me informar sobre o assunto?

Recorra à Constituição ou leis do seu estado e se estas não citarem o assunto, avalie se o seu município possui uma lei orgânica que regulamenta a semi gratuidade. Pela supremacia hierárquica das normas, se a Constituição Estadual garante o direito à meia-entrada, o município não tem o poder para proibir ou limitar o benefício.

Veja o caso de São Paulo

Há alguns anos o município de São Paulo criou uma lei que estipulava uma cota de 30% para venda de ingressos pela metade do preço. Esta lei foi considerada abusiva, tendo em vista que existem leis estaduais em São Paulo que garantem (sem citar cotas) o pagamento de meia-entrada do valor efetivamente cobrado para o ingresso em casas de diversão, de espetáculos teatrais, musicais e circenses, em casas de exibição cinematográfica, praças esportivas, entre outros (leis estaduais 7.844, 13.715/04 e 10.858).

Em Minas Gerais…

Segundo a Constituição Estadual, compete somente ao Estado a difusão e o acesso à cultura (CEMG, art. 10, inc. III e art. 11, V). Desta forma, para facilitar o acesso à cultura e ao lazer, a Lei Estadual nº 11.052/93, de 23 de março de 1993, institui o direito à meia-entrada em todo o Estado.

Art. 1º – Fica assegurado aos estudantes regularmente matriculados em estabelecimentos de ensino de 1º, 2º e 3º graus o pagamento de meia-entrada do valor efetivamente cobrado para o ingresso em casas de diversão, de espetáculos teatrais, musicais e circenses, em casas de exibição cinematográfica, em praças esportivas e similares das áreas de esporte, cultura e lazer do Estado de Minas Gerais.

Outros estados

Mesmo com estes dois exemplos citados, nem todos os estados brasileiros reconhecem o direito à meia-entrada. Por isso, se você está fora de Minas ou São Paulo, acesse o site da Assembleia Legislativa do seu estado e faça uma consulta das normas e da Constituição Estadual. A maioria dos sites oferece opção de consulta por tema ou assunto.

Quem possui direito à semi gratuidade?

Isto também pode variar de acordo com cada legislação estadual, mas, em termos gerais, a lei assegura o direito aos estudantes regularmente matriculados em estabelecimentos de ensino de 1º, 2º e 3º graus (de escolas particulares ou públicas), alunos da educação infantil (pré-escola), os de cursinhos pré-vestibulares e os de cursos técnicos especiais e cidadãos com 60 anos ou mais.

Em São Paulo, professores da rede estadual e municipal (lei publicada recentemente) também possuem o benefício.

Sou obrigado a oferecer?

Se a legislação do seu estado prevê e dependendo do local onde será realizado o seu evento, a resposta é sim. Geralmente, a lei cita casas de diversão (boates, shows, etc), espetáculos teatrais, musicais e circenses, casas de exibição cinematográfica, praças esportivas e similares das áreas de esporte (jogos de futebol, por exemplo), e todos os outros locais que, por suas atividades, propiciarem lazer e entretenimento.

Documentos válidos para concessão do benefício

Assim como citado na Medida Provisória nº 2.208, para conseguir o desconto de 50%, o estudante deverá apresentar documento de identificação estudantil expedido pelos correspondentes estabelecimentos de ensino ou pela associação ou agremiação estudantil a que pertença (diretórios ou centro acadêmicos) ou ainda um comprovante expedido pela Instituição de ensino que comprove o vínculo com o aluno. Já para os menores de 18 ou maiores de 60 anos, basta apresentar a Carteira de Identidade (RG) para garantir o direito.

Nos estados que garantem o benefício aos professores ou outro tipo de servidor público, os mesmos deverão apresentar carteira funcional e identidade.

O que pode acontecer se eu negar este direito a alguém?

Esteja preparado para enfrentar problemas com a justiça, que podem acarretar em pagamentos de multas por danos morais e até na suspensão do seu alvará de funcionamento.

Se a lei garante o benefício, você estará desrespeitando a legislação, caso negue este direito a seu público. A pessoa poderá chamar a Polícia, ir ao Procon, abrir um Boletim de Ocorrência, ou até entrar com uma ação judicial.

Não corra riscos. Respeite à lei e os direitos do seu público. Um problema a menos para você. Um ponto a mais para o seu evento!

Fonte aqui e aqui.

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34 Comentários

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Sempre tem alguém buscando um jeitinho de pagar menos às custas dos outros. continuar lendo

Agreed! O brasileiro ao invés de buscar uma economia de poupança e investimentos para gerar lucro, prefere os pequenos furtos legalizados que só geram mixaria e afundam a economia. continuar lendo

Além de tudo, faz com que lamentavelmente os shows no Brasil sejam muito caros para os pagantes "normais" porque os promotores calculam a compensação dos descontos dados aos espertinhos. Já estou farto de ver "cortesia" praticada com o bolso alheio. continuar lendo

Que legal: mais cortesia com o chapéu alheio!

Não é meio óbvio que os 60% sem meia-entrada vão pagar a metade do ingresso dos 40% que serão agraciados?

Se o evento custa 100 mil para o produtor, e para aceitar o risco de perder dinheiro ele não aceita menos que 200% do CDI (ele conseguiria 100% aplicando em tesouro direto), então ele teria de faturar 100 mil * (1+2*CDI) = faturamento
faturamento = P_inteira*(60/100)*taxa_ocupação_esperada_inteira + 0.5*P_inteira*(40/100)*taxa_ocupação_esperada_meia ;

P_inteira= faturamento/(0.6*taxa_ocupação_esperada_inteira+0.2*taxa_ocupação_esperada_meia)

Se taxa_ocupação_esperada_meia=1
P_inteira_com_meia/P_sem_meia= (taxa_ocupação_sem_meia)
/(0.6*taxa_ocupação_esperada_inteira+0.2*taxa_ocupação_esperada_meia)

Da equação acima verifica-se que o preço da inteira foi aumentado em função da existência da meia entrada. Se o empresário puder estratificar livremente a distribuição de preços em função de localização e grau de conforto (tipo de acentos, e outros serviços) ele deve conseguir uma maior taxa de ocupação livremente estratificada (taxa_ocupação_sem_meia) o que acaba reduzindo o preço médio do ingresso (faturamento/taxa_ocupação_sem_meia).

O trecho abaixo, extraído da matéria original deixa claro o motivo desta nova legislação:
"A partir de agora, a identificação do estudante precisa seguir um padrão nacional definido pelas entidades nacionais UNE, UBES e ANPG, regido por estritas medidas de segurança e fiscalização para evitar falsificações e irregularidades no uso desse direito. "
A meia entrada já acontecia na maior parte do país, e era possível usar as carteiras das próprias instituições de ensino ou boletos quitados das universidades privadas (junto com documento com foto), ou declarações timbradas de instituições públicas.
A lei deixa claro que o objetivo é o financiamento das atividades de grupos que militam em favor das "esquerdas" e da base política da situação. continuar lendo

No exemplo acima, se a lotação for total em ambos cenários : com e sem meia-entrada, percebe-se que:

P_inteira_com_meia/P_sem_meia= (1)/(0.6*1+0.2*1)=1/0,8=1,25

Ou seja, a introdução da meia-entrada obrigatória para 40% do total de ingressos causou um aumento de 25% (1/4) no preço da entrada inteira.

Não sou contra alguns consumidores pagarem mais que outros, desde que o maior preço não seja consequência de uma política equivocada dessas. Para o empresário fazer alguém pagar mais (sem coerção legal) ele tem de oferecer algo que faça o consumidor julgar a relação custo benefício mais vantajosa: venda antecipada de ingressos, área vip com menor relação pessoas/m², posição privilegiada para visualização do espetáculo, acentos mais confortáveis,.... Assim tanto os consumidores quanto os produtores/empresários ganham. continuar lendo

Parabéns, bela explicação. continuar lendo

Essa parte de baixo era o que eu ia comentar... Só vai financiar esse pessoal fazendo carterinhas... Complicou pra todo mundo...

E claro, não existe nada de graça... Será que alguém é tão otário a ponto de achar que existe meia entrada, gratuidade etc?

Mas o trecho que é realmente de chorar é essa parte: "Também terão direito a meia-entrada, jovens com com idade entre 15 e 29 anos que pertencem à famílias com renda mensal de até dois salários mínimos, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico."

Ou seja, se eu for a um cinema, meu ingresso pode estar patrocinando um marmanjo com quase 30 anos na cara que não se deu ao trabalho de estudar e procurar um emprego decente... Triste... continuar lendo

Achille Arantes você é nota 1000000000000000! Parabéns e obrigada. continuar lendo

E a entrada integral aumenta 60%... continuar lendo

Na minha conta, em meu comentário acima, o valor da inteira subiu 25% em relação ao preço que teria se não houvesse a meia entrada obrigatória para 40% dos ingressos.

Continua sendo ridículo! continuar lendo

No programa "Roda Viva" da TV Cultura - SP, exibido há algum tempo, Antonio Fagundes, ator, diretor de Teatro, entre tantos, foi o entrevistado da semana e retratou muito bem a questão da meia entrada.
Disse na época que o governo quer fazer "cortesia com chapéu alheio", isto é, quer fazer com que o produtor tire do seu próprio bolso, o custo da meia entrada, em detrimento do eventual prejuízo que se venha a ter com a renda da bilheteria.
O governo, não tem noção do quanto custa fazer uma peça de teatro - Atores, cenários, figurinos, iluminação e toda uma gama de detalhes que custam muito.
Se o governo tivesse interesse de fato na divulgação de projetos culturais, bancária as meias entradas. Afinal, qual a finalidade do Ministério da Cultura? continuar lendo

Como em qualquer outro Ministério neste país, a finalidade é permanecer no poder e se locupletar com dinheiro público. continuar lendo

Acrescentei esse seu comentário na minha manifestação mas, resolvi tira-la para deixar que dissessem por mim.
Todos sabemos que, governo algum se preocupou ou se preocupa com a cultura dos seus governados.
Roubar e assaltar a Pátria sempre foi a especialidade dos políticos brasileiros. continuar lendo

Sr Pedrotti

"Se o governo tivesse interesse de fato na divulgação de projetos culturais, bancária as meias entradas"

Isto continuaria sendo fazer cortesia com o chapéu dos outros. A diferença entre o cenário apontado pelo Sr ('fazer com que o produtor tire do seu próprio bolso") e o do Min Cultura bancar é quem vai pagar a conta. No primeiro é o"capitalista safado, louco pelo lucro"no outro é o conjunto dos pagadores de impostos, dentre os quais muitos não gostariam de financiar as peças selecionadas pelo Min Cultura, por critérios não muito transparentes, tal como acontece com a lei Rouanet.

Acredito que, se a intenção é fomentar a divulgação cultural, apenas a isenção indiscriminada (sem requisitos de conteúdo ou público alvo) de impostos sobre as atividades dos empreendedores culturais seria um tipo de incentivo moralmente aceitável. continuar lendo

Quando a União arrecada bilhões em impostos, seja de empresários ou do contribuinte, cada ministério possui sua quota-parte que, em tese. deveria ser utilizada para fins específicos.
Isso infelizmente não ocorre porque, governo algum até hoje teve o interesse de bancar a cultura de fato, de forma a torna-la acessível.
procure, meu caro Achille Arantes, saber e ver quem são os patrocinadores da cultura no Brasil. Te garanto que a participação da União é pífea ante aquilo que realmente deveria fazer. continuar lendo